terça-feira, 19 de abril de 2016

SERES CELESTIAIS CRIADOS POR DEUS.


Angelologia

O presente estudo provê uma noção geral do ensino bíblico a respeito dos anjos. O termo teológico apropriado para o estudo que ora iniciamos é Angelologia (do grego angelos, “anjo”, e logia, “estudo”, “dissertação”). Angelologia se constitui, portanto, de doutrina  específica dentro do contexto daquilo que é denominado de Teologia Sistemática, a qual se ocupa em estudar a existência, as características, a natureza moral e atividades dos anjos.
A palavra portuguesa anjo possui origem no latim angelus, que por sua vez deriva do grego angelos, que significa: mensageiro, o embaixador em assuntos humanos, que fala e age no lugar daquele que o enviou. No idioma hebraico, temos malak, onde seu significado básico é “mensageiro” (para designar a idéia de ofício de mensageiro). 
De um modo geral, os anjos são classificados sob dois títulos: anjos bons ou maus. Os anjos bons são aqueles comissionados a estarem servindo aos filhos de Deus, sob Seu comando. Os anjos maus ou caídos são aqueles que desobedeceram a Deus e foram expulsos da Sua presença.
O plano criador levado a efeito por Deus jamais poderá ser compreendido a contento pelo homem, principalmente quando analisado à luz da criação universal. Entre as muitas coisas criadas por Deus, para efeito de estudo, destacamos os anjos. Eles não são eternos como Deus, nem auto existentes, mas criados, como criadas foram as demais coisas do universo. Expressões tais como: “Exército dos céus”, “soberanias”, “principados”, “potestades” e “filhos de Deus” são figuradas, geralmente aplicadas na Bíblia aos anjos.
Os anjos são parte de uma criação especial de Deus. Quanto à sua natureza, eles são apresentados na Bíblia como seres criados, superiores ao homem em inteligência e conhecimento, mais gloriosos e poderosos que qualquer rei terreno em toda a sua pompa e força. 

“Só tu és Senhor, tu fizeste o céu, o céu dos céus, e todo o seu  exército, a terra e tudo quanto nela há, os mares e tudo quanto há neles; e tu os preservas a todos com vida, e o exército dos céus te adora” (Neemias. 9:6).

“...pois nele foram criadas todas as cousas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele” (Colossenses. 1:16).

“Sobre que estão fundadas as suas bases, ou quem assentou a sua pedra de esquina, quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus rejubilavam?” (Jó 38:6,7).

A Bíblia não dá qualquer resposta definida quanto ao tempo em que os anjos foram criados nem se preocupa em fazê-lo. O que a Bíblia nos dá a entender é que os anjos foram criados por Deus em um princípio  remotíssimo. 
Deus argumentou com Jó: “Onde estavas tu, quando eu lançava os fundamentos da terra? Faze-mo saber, se tens entendimento. Quem lhe fixou as medidas, se é que o sabes? ou quem a mediu com o cordel? Sobre que foram firmadas as suas bases, ou quem lhe assentou a pedra de esquina, quando juntas cantavam as estrelas da manhã, e todos os filhos de Deus bradavam de júbilo?” (Jó 38:4-7).  Fica claro neste texto que Deus faz referência à criação universal. Portanto, quando tudo foi criado, já existiam os anjos, e estes ao contemplarem as maravilhas de Sua criação, bradaram transbordantes de júbilo.
Os anjos estão inseridos nas coisas invisíveis que foram criadas por Deus conforme descrito em Colossenses 1:16: “Porque nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por ele e para ele”. Logo, diferentemente de Deus, são seres criados, não existindo desde a eternidade.
Faz-se importante ainda, quanto à criação dos anjos, sabermos que eles foram criados de uma só vez e não há propagação entre eles. Isto os diferencia do ser humano e faz com que eles não sejam uma raça, mas uma hoste. Os anjos então foram criados por Deus, não havendo aumento ou diminuição de seu número.

OS ANJOS BONS

Podemos definir os anjos bons como seres celestiais que integram o exército de Deus e realizam a Sua vontade, tendo sido estabelecidos como ministradores em favor dos que herdarão a salvação, dotados de poder e inteligência sobre-humana com funções e hierarquia estabelecidas.

Arthur Tappan Pierson diz que: “Deus é o Espírito que a tudo preside e permeia. Entre Ele e o homem há uma esfera intermediária, habitada por uma ordem de inteligências mais elevadas, que não são como Deus, nem constituídas fisicamente como o homem. Esses seres são chamados anjos, pois aparecem nas Escrituras como mensageiros de Deus ao homem”.
 
CARACTERÍSTICAS
  
A)               São numerosos. “Um rio de fogo manava e saía de diante dele; milhares de milhares o serviam, e miríades estavam diante dele; assentouse o tribunal, e se abriram os livros” (Dn.7:10).  A palavra “miríade” no dicionário significa: número de dez mil; grande quantidade; quantidade indeterminada, mas grandíssima. Diversos textos bíblicos relatam que o exército de Deus é muito numeroso (Jó. 25:3, Dt. 33:2; Ap.5:11). Em Hebreus 12:22 os anjos são indicados como uma companhia inumerável, literalmente miríade. Lucas 2:13 diz que multidões de anjos apareceram na noite do nascimento de Jesus, bradando de alegria pelas novas perspectivas de esperança que desciam à terra. 

B)                São seres espirituais. “Ora, a qual dos anjos jamais disse: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos por estrado dos teus pés? Não são todos eles ESPIRITOS ministradores enviados para serviço, a favor dos que hão de herdar a salvação?” (Hb. 1:13,14).

O ensino que se destaca no texto de Hebreus é que os anjos foram criados essencialmente espíritos. Isso, entretanto, não nega a possibilidade de sua materialização. Os anjos não possuem um corpo físico como o do homem. O Senhor Jesus após sua morte e ressurreição apareceu a seus apóstolos e vemos neste texto que se encontra em Lucas 24:36-39 que um espírito, conforme disse Jesus, não possui carne e nem osso. Isto em nada impossibilita, no entanto, dos anjos se materializarem em forma de seres humanos e diversas vezes na Bíblia nós vemos isto ocorrer.

“Não vos esqueçais da hospitalidade, porque por ela alguns, sem o saberem, hospedaram anjos” (Hb. 13:2).
C)                Sua sexualidade.
A questão da sexualidade dos anjos é ainda polêmica em nosso meio. Vamos tomar dois textos bíblicos para esclarecermos as dúvidas sobre este assunto.
“E aconteceu que, como os homens começaram a multiplicar-se sobre a face da terra, e lhes nasceram filhas, viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram.” ( Gn.6:1,2) A Bíblia de Estudo Pentecostal nos traz a clara informação sobre este texto: “Esses ‘filhos de Deus’, sem dúvida, eram os descendentes da linhagem piedosa de Sete (cf. Dt.14:1; Sl. 73:15; Os. 1:10); eles deram início aos casamentos mistos com as “filhas dos homens” , i.e., mulheres da família ímpia de Caim. A teoria de que os “filhos de Deus” eram ANJOS, não subsiste ante as palavras de Jesus, de que os anjos não se casam.” 
Várias vezes na Bíblia os anjos aparecem e são descritos como na forma de homem e por este motivo muitas pessoas acabam vinculando esses seres celestiais à forma humana e passam a associá-los a diversas características e limitações do ser humano. Questionam quanto a sexualidade dos anjos e dizem que os anjos são do sexo masculino. Não há lógica e nem fundamento para esta afirmativa. Primeiro, porque o texto de Gênesis 6:1,2, que é usado como base desta teoria não tem sustento como visto acima; segundo, tomando por base o texto de Mateus 22:30 :  “Porque na ressurreição nem se casam nem se dão em casamento; são, porém, COMO OS ANJOS NO CÉU”. Dizer que os anjos têm sexo apesar de não se casarem, é, no mínimo, um absurdo; e, terceiro, porque o sexo, tem como finalidade a procriação e o prazer; se os anjos não procriam e têm todo o seu prazer no serviço a Deus, a quem servem, por que, então, careceriam de sexo? Diante do exposto, nos resta concluir que os anjos são seres assexuados, isto é seres espirituais que não possuem sexo. 

D)               Dotados de Poder. 

d.1)           Poder sobre-humano. “Bendizei ao Senhor todos os seus anjos, VALOROSOS EM PODER, ...” (Sl.103:20) Diversos textos bíblicos demonstram um poder sobre-humano dos anjos, entretanto devemos esclarecer que eles não são onipotentes e nem oniscientes como Deus, seu criador. Vemos na Bíblia anjos fazendo tremer a terra e removendo a pedra que fechava o sepulcro de Cristo (Mt. 28:2); libertando Pedro da prisão, fazendo cair de suas mãos as algemas e abrindo as portas de ferro (At. 12:7-11); etc. São esses anjos, com essas capacidades, que Deus criou e pôs ao nosso serviço.

d.2)           Poder delegado. “(...) Que EXECUTAIS AS SUAS ORDENS, e lhe obedeceis à palavra!” (Sl. 103:20)   Este Salmo deixa claro o poder dos anjos como sendo valoroso, mas sujeito às ordens do Senhor. Logo, o poder dos anjos é sobre-humano, porém, delegado. Lewis Sperry Chafer diz que “os anjos são incapazes de fazer aquelas coisas peculiares à divindade como criar, ou sondar o coração humano”. O poder delegado por Deus aos anjos não é pleno, é limitado.
E)                Dotados de inteligência diferenciada. “(...) Sábio é o meu senhor, segundo a SABEDORIA DE UM ANJO de Deus, para entender tudo o que se passa na terra” (II Sm.14:20). Os anjos são sábios e dotados de inteligência superior à sabedoria e inteligência humana, somente. Esta sabedoria também não é plena, mas apenas superior à dos homens. Existem coisas que nem os anjos com toda sua sabedoria discernem. “Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus...”  (Mt. 24:36), “...cousas essas que anjos anelam perscrutar” (I Pe. 1:12).

Verificamos então que existe uma classe de seres celestiais, os anjos, que ocupam uma posição bastante distinta tanto de Deus como do homem. Deus está acima de tudo e de todos, inclusive dos anjos. Entretanto eles, bem abaixo de Deus, estão num estado superior ao do homem.  

ATIVIDADES DOS ANJOS

No Antigo Testamento, onde o termo malak ocorre 108 vezes, os anjos aparecem como seres celestiais, membros da corte de Yahweh. Eles servem e louvam a Deus (Ne 9:6); transmitem a Sua vontade (Dn 8:16,17); obedecem à Sua vontade (Sl 103:20); executam os propósitos de Deus (Nm 22:22); e celebram louvores a Deus (Sl 148:2).

“Bendizei ao Senhor, anjos seus, magníficos em poder, que cumpris as suas ordens, obedecendo à voz da sua palavra”  (Sl.103:20).

No Novo Testamento, onde a palavra angelos ocorre 175 vezes, os anjos aparecem como representativos do mundo celestial e mensageiros de Deus. Funções semelhantes às do Antigo Testamento são atribuídas a eles, tais como: servem e louvam a Jesus (Hb 1:6), transmitem a Sua vontade (Mt 2:13,20; At 8:26), obedecem à vontade d’Ele (Mt 6:10) e executam os Seus propósitos  (Mt  13:39-42). Nessa parte da Bíblia, os anjos estão vinculados a eventos especiais: a concepção de Jesus (Mt 1:20,21), Seu nascimento (Lc 2:10-12), Sua  ressurreição (Mt 28:5,7) e Sua ascensão e Segunda Vinda (At 1:10,11).


Hierarquia e funções dos anjos
E havendo lançado fora o homem, pôs ao oriente do jardim do Éden os querubins... ” (Gn. 3:24). “Ao seu redor havia serafins; cada um tinha seis  asas; com duas cobria o rosto, e com duas cobria os pés e com duas voava” (Is. 6:2).

Através dos textos acima podemos verificar que existem diferentes posições ou cargos de autoridade entre os anjos. O que cada uma dessas designações indica exatamente não fica muito claro na Bíblia. Mas o ponto mais importante é que Jesus está acima de todas elas; como Ele não tem igual, nem superior.

 John Eadie em seu comentário à Epístola aos Efésios, ao abordar o assunto da organização celestial diz o seguinte: “Tudo o que sabemos é da existência de um fundamento para a idéia principal: que não há uma  uniformidade monótona e aborrecida entre os habitantes do céu; que ordem e liberdade não são inconsistentes com a graduação ou o cargo; que existe glória e glória maior, poder e poder mais nobre, posto e posto mais alto, a serem testemunhados na escala poderosa. Assim como existem órbitas e radiância ofuscante em meio às estrelas mais pálidas e humildes no céu, há capitães esplêndidos e majestosos entre os exércitos de Deus, em posição mais próxima de Deus, e, como Deus em majestade, possuindo e refletindo mais do esplendor divino do que seus irmãos resplandecentes à sua volta.”

Com base em textos bíblicos verificaremos que Deus possui um  exército de anjos e que este exército possui uma organização hierárquica e funções distintas. A primeira questão que devemos deixar clara é que, sem levarmos em consideração os livros apócrifos, a Bíblia apenas relata o nome de dois seres celestiais que compõem o exército de Deus e são eles MIGUEL e GABRIEL. Entre as diferentes posições se destacam na Bíblia aqueles que são tidos simplesmente como ANJOS, depois ARCANJO, SERAFINS e QUERUBINS.

HIERARQUIA DOS ANJOS

A) ARCANJO
“Contudo, o arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo e disputava a respeito do corpo de Moisés, não se atreveu a proferir juízo infamatório contra ele; pelo contrário, disse: O Senhor te repreenda!” (Jd 9).

“E, naquele tempo, se levantará Miguel, o grande PRÍNCIPE, que se levanta pelos filhos do teu povo...” (Dn.12:1).

“Mas o príncipe do reino da Pérsia se pôs defronte de mim vinte e um dias, e eis que Miguel, um dos primeiros, veio para ajudar-me, e eu fiquei ali com os reis da Pérsia” (Dn. 10:13).

A Bíblia não fala de um arcanjo, palavra que só se aplica a Miguel. Isto é demonstrado pelo fato de que nas duas ocorrências da palavra grega archangelos, “arcanjo”, I Tessalonicenses 4:16 e Judas 9, o termo só aparece  ligado unicamente a Miguel,  donde se  conclui biblicamente que Miguel tem seu destaque entre os arcanjos. O prefixo arca, em “arcanjo”, sugere um anjo-chefe, principal ou poderoso. No grego encontramos Michael, no hebraico mika’el. O nome  Miguel significa “quem é como El (Deus)?”, e há de se notar que nesses textos ele é tratado como arcanjo e como príncipe, poderoso entre os arcanjos único em poder.
Verificamos que no exército de Deus há uma classe de anjos denominada de Príncipes e notamos ainda que estes têm como função proteger determinada região. Vemos aqui Miguel como o Príncipe de Israel. Tudo indica que ele pertença a uma classe de anjos chamada Príncipe, que tem como função proteger determinada região; mas ele também é um arcanjo, posição dada a ele e que o coloca como líder do exército de anjos de Deus. Em Apocalipse 12:7 vemos claramente esta posição de Miguel, como Arcanjo, liderando o exército de anjos contra o dragão (Lúcifer) e o seu exército de anjos decaídos: “E houve batalha no céu: Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão; e batalhavam o dragão e os seus anjos.” 
Desta primeira análise, então, chegamos à seguinte conclusão: Primeiro, que há uma classe de anjos chamados Príncipes, que protegem determinadas regiões; segundo, que Miguel é um dos que compõem esta classe de príncipes; terceiro, que Miguel foi posto como Arcanjo, isto é, além de exercer a função de um príncipe, ele lidera os demais anjos do céu. 

B) SERAFINS
“Os serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas: com duas cobria o rosto, com duas cobria os seus pés e com duas voava. E  clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, Santo, Santo é o Senhor  dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória” (Is. 6:2,3). 

“Mas um dos serafins voou para mim trazendo na mão uma brasa  viva, que tirara do altar com uma tenaz; e com ela tocou a minha boca e disse: Eis que isto tocou os teus lábios; e a tua iniqüidade foi tirada, e   purificado o teu pecado” (Is.6:6,7).

A palavra serafins significa “seres ardentes”, “abrasadores”. O termo hebraico é saraph. Quanto à origem exata e a significação desse termo, não existe concordância entre os eruditos. Provavelmente, deriva-se da raiz hebraica saraph, cujo significado é “queimar”, o que daria a idéia  de que os serafins  são anjos rebrilhantes, uma vez que essa raiz também pode  significar “consumir com fogo”, mas também “rebrilhar” e “refletir”. Sua forma é apresentada por Isaías como seres angelicais com seis asas e que estão diante do trono de Deus, louvando-O.
Pelo pouco que temos de informação acerca da função dos serafins, o que podemos verificar é que eles são responsáveis pelo louvor a Deus e pela restauração da santidade, conforme o texto de Isaías 6, onde um dos serafins voou até Isaías, trazendo na mão uma brasa viva, e ao tocar com aquela brasa nos seus lábios a iniquidade foi tirada, e purificado o seu pecado. O pecado no mundo espiritual produz morte e prisões, e vemos neste texto um serafim sendo usado para trazer a restauração à santidade, destruindo o mal produzido pela iniquidade.

C) QUERUBINS
“E, expulso o homem, colocou querubins ao oriente do jardim do Éden e o refulgir de uma espada que se revolvia, para guardar o caminho da árvore da vida” (Gn 3:24). 

“Os querubins estenderão as suas asas por cima, cobrindo com as suas asas o propiciatório; as faces deles, uma defronte da outra; as faces dos querubins estarão voltadas para o propiciatório. E porás o propiciatório em cima da arca...E ali virei a ti e falarei contigo de cima do propiciatório...” (Ex. 25:20-22).

“(...)E sobre a arca, os QUERUBINS DA GLÓRIA, que faziam sombra no propiciatório...”  (Heb. 9:5).

No hebraico, temos keruhbim, plural de kerub. No  grego cheroub. Palavra de etimologia incerta. A palavra hebraica kerubim indica figuras divinamente formadas para servirem como guardiães especiais das coisas sagradas. Sempre que a palavra de Deus menciona a atuação de um querubim, está relacionado com a guarda, proteção da glória de Deus, cuidando como um despenseiro. Aonde estava um querubim, estava a gloria e Deus.
A primeira menção que a Bíblia faz de um querubim foi quando o Senhor o colocou no jardim do Éden para guardar o caminho da Árvore da Vida. Mas não há nada que demonstre melhor esta função dos querubins como o fato da sua presença no propiciatório.
O propiciatório era a tampa da arca. Nela, o sumo sacerdote aspergia o sangue derramado do sacrifício, a fim de fazer expiação pelos pecados. Dois querubins de ouro ficavam em ambas as extremidades do propiciatório e simbolizavam seres celestiais que assistem junto ao trono de Deus no céu e simbolizavam a presença de Deus e a sua soberania entre o seu povo na terra. Era sobre o propiciatório que estava a glória de Deus.
No livro de Ezequiel temos uma profunda revelação da atuação dos querubins e sua presença na retirada da Glória de Deus do templo. A glória de Deus retirou-se do templo por causa do pecado e idolatria do povo. Ainda, no livro do profeta Ezequiel, capítulo 10, vemos a função dos querubins como despenseiros da glória de Deus: “E falou ao homem vestido de linho, dizendo: Vai por entre as rodas, até debaixo do querubim, e enche as mãos de brasas acesas dentre os querubins, e espalha-as sobre a cidade (...). E sucedeu, pois, dando ele ordem ao homem vestido de linho, dizendo: Toma fogo dentre as rodas, dentre os querubins, que entrou ele e se pôs junto às rodas. Então, estendeu um querubim a mão para o fogo que estava entre os querubins; e tirou e o pôs nas mãos do que estava vestido de linho, o qual o tomou e saiu” (vers. 2,6,7).
Neste texto Deus deu ordem a um anjo (homem vestido de linho) para que este fosse até os querubins e enchesse suas mãos de brasas acesas e as espalhasse sobre a cidade. As brasas acesas, espalhadas sobre a cidade, simbolizavam julgamento e destruição. Pouco depois dessa visão, os babilônios destruíram Jerusalém (II Cr. 36:19; II Rs. 25:8,9). 
Vemos nesse texto uma divisão de função interessante. Após uma  ordem de Deus, um anjo, representado aqui pela figura de um homem vestido de linho, vai até os querubins e um destes é que retira do interior de  uma roda que estava junto deles uma brasa acessa e entrega na mão do anjo vestido de linho e com aparência de um homem. Quem espalhou as brasas acesas sobre a cidade não foram os querubins e sim este anjo vestido de linho. Demonstrando a divisão de funções em atividade.

D)               ANJOS
Nas escrituras sagradas temos diversas aparições de anjos, seres celestiais cumprindo o propósito de Deus junto aos homens. Os anjos são espíritos ministradores que servem àqueles que hão de herdar a salvação (Hb. 1:14). 

“(...) E eis era posta na terra uma escada cujo topo tocava nos céus; e eis que os anjos de Deus subiam e desciam por ela” (Gn.28:12).

D.1)         Anjos Mensageiros
Nesta classe temos claro uma função que é a de mensageiros de Deus, isto é, anjos com a função de trazer ao homem a palavra revelada de Deus, a vontade de Deus ao homem. Vemos aqui o anjo como um porta-voz celestial.
“E, respondendo o anjo, disse-lhe: Eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus, e fui enviado a falar-te e dar-te estas alegres novas” (Lc.1:19).

Dentre eles nós temos o anjo Gabriel. Gabriel significa “homem de Deus” ou “poderoso de Deus”. Ele é mencionado quatro vezes na Bíblia e sempre como portador de grandes notícias relativas ao propósito de Deus. Foi o anjo Gabriel que proclamou a Maria o nascimento do Senhor Jesus Cristo. O anjo Gabriel ainda aparece trazendo a revelação a Daniel de uma visão que este tivera. “(...) Estando eu, digo, ainda falando na oração, o varão Gabriel, que eu tinha visto na minha visão ao princípio, veio voando rapidamente e tocou-me à hora do sacrifício da tarde. E me instruiu, e falou comigo, e disse: Daniel, agora, saí para fazer-te entender o sentido. No princípio das tuas súplicas, saiu a ordem, e eu vim, para to declarar...” (Dn. 9:21-23). O anjo Gabriel, em nenhum momento na Bíblia, é tratado como arcanjo, embora frequentemente as pessoas o dão este tratamento. Gabriel não é um arcanjo, e sim um anjo mensageiro.

D.2)         Anjos Guardiões
“Porque aos teus anjos dará ordens a teu respeito, para  te guardarem em todos os teus caminhos. Eles te sustentarão nas suas mãos, para que não tropeces com o teu pé em pedra” (Sl.91:11,12).

“O meu Deus enviou o seu anjo e fechou a boca dos leões, para que não me fizessem dano...” (Dn.6:22).

O que a Bíblia nos diz é que existem anjos que têm como função trazer proteção aos filhos de Deus. No Salmo 91 vemos que Deus dá ordens aos seus anjos para nos guardar em nosso caminho, a fim de que não venhamos a tropeçar. Em outro texto, Deus envia um anjo para proteger Daniel, quando este foi lançado na cova dos leões. 
Devemos entender o mundo espiritual, sim; devemos trazê-lo à realidade do nosso dia-a-dia, sim; mas tudo isso deve ser vivido dentro dos parâmetros da palavra de Deus para que não venhamos a nos envolver com falsas doutrinas, que nos levam a pecar contra o nosso Deus. Você pode estar certo de que existem anjos de Deus com função específica de guardar nossos caminhos. Você não está só no mundo espiritual, na hora da necessidade; mediante a ordem de Deus, eles agirão e trarão o livramento de Deus para sua vida.


FUNÇÕES 

Deus tem usado os seus anjos em diferentes ocasiões da história do Seu povo, tanto nos dias bíblicos, como hoje. Daremos a seguir um resumo das múltiplas funções exercidas pelos anjos.

1.                  Em relação a Deus:
a.                  Prestar adoração e louvor. Este é o principal e o mais importante ministério dos anjos (Ap. 5:11,12; Hb. 1:6); Is. 6:3); Sl. 103:20,21);
b.                  Levar a lei de Deus a seu povo (At. 7:53; Gl. 3:19; Hb. 2:2);
c.                  Executar os juízos de Deus sobre os inimigos (At. 12:23; 12:22; II Rs. 19:35);
d.                 Reunir os eleitos de Deus na volta de Cristo (Mt. 24:30,31);
e.                  Ajudar no dia do juízo final (Mt. 13:30,39, 49, 50; II Ts. 1:7,8);

2.                  Com relação a Jesus, algumas referências distintas são atribuídas às ministrações dos anjos: 
a.                  Maria foi informada que seria mãe de Jesus por um anjo (Lc. 1:26-38);
b.                  Um anjo apareceu a José (Mt. 1:20);
c.                  Anjos apareceram aos pastores (Lc. 2:8-15);
d.                 Um anjo fala para José fugir para o Egito com Maria e a criança (Mt. 2:13);
e.                  José recebe instruções de um anjo para voltar à sua terra  (Mt. 2:19,20);
f.                   Anjos ministraram a Jesus após a tentação no deserto (Mt. 4:11);
g.                  Um anjo fortaleceu Jesus no Getsêmani (Lc. 22:43);
h.                  Um anjo removeu a pedra do sepulcro (Mt. 28:2-7);
i.                    Anjos acompanharão Jesus quando Ele voltar (Mt. 16:27; 25:31).

3.                  Com relação aos crentes:
a.                  Proteção do perigo (Sl. 91:11,12);
b.                  Livramento dos inimigos (Sl. 34:7; Dn. 6:22; At. 12:11);
c.                  Encorajamento nas provações extremas (Com Elias: I Rs. 19:5; com Jacó: Gn 28:12,13; com Paulo: At. 27:22-24); 
d.                 Concessão de sabedoria e orientação (Mt. 1;20; At. 8:26; At. 10:3-5);
e.                  Acompanhamento da alma na morte (Lc. 16:22);
f.                   Alegria na salvação, quando do arrependimento de um pecador (Lc. 15:10).


TEOFANIA
Não podemos encerrar este capítulo sem falarmos de TEOFANIA. Mas por que se faz tão importante estudarmos sobre este assunto? Por uma simples dúvida: Os anjos devem ser adorados? Não! Entretanto, alguns textos fazem menção da aparição do anjo do Senhor, e algumas vezes este é reverenciado e permite tal ato. Isto poderia fazer com que admitíssemos a adoração a anjos.

 “Em ponto algum somos instruídos a orar para anjos e pedir-lhes ajuda. Suas ministrações a nosso favor são dirigidas pelo próprio Senhor. Desse modo, se quisermos experimentar os benefícios e bênçãos desses ‘espíritos ministradores’, devemos ficar próximos do Senhor.” (Fundamentos da Teologia Pentecostal, vol. II)
 
Teofania é uma palavra de origem grega que quer dizer “Deus se manifesta”. Chama-se, portanto, Teofania, os sucessivos casos em que a Segunda Pessoa da Trindade, isto é, Cristo pré-encarnado, aparece em forma humana, como um anjo. Essa manifestação normalmente vem acompanhada da expressão “anjo do Senhor” ou sua variante “anjo de Deus”. 
A primeira aparição bíblica do anjo do Senhor se deu quando Hagar fugia da casa de Abraão. O Comentário Bíblico Moody, por Charles F. Pfeiffer e Everett F. Harrison, diz: “Na quietude do deserto, Hagar defrontou-se com o anjo do Senhor, que veio orientá-la, dando-lhe esperança e paz de espírito... Este anjo não era um ser criado, mas o próprio Jeová, manifestando-se a Hagar.” 

O mesmo ocorreu com Abraão, quando ia sacrificar seu filho Isaque (Gn.22:11-18); com Moisés na sarça ardente (Êx.3:2-5); com Gideão enquanto este malhava o trigo (Jz.6:11-23); dentre outros casos. 
Escolhemos dois casos distintos para melhor entendermos quando é o Senhor como anjo e quando são os anjos a serviço de Deus:

-                     Primeiro, o texto de Josué 5:14, que diz: “(...) Se prostrou sobre o seu rosto na terra, e o adorou, e disse-lhe: Que diz meu Senhor ao seu servo?”. Neste caso foi o próprio Jesus, segunda pessoa da Trindade, que se apresenta como o ANJO DO SENHOR. Foi correta a adoração de Josué. 
-                     Segundo, os textos: Apocalipse 19:10, que diz: “E eu lancei-me aos seus pés para o adorar, mas ele disse-me: Olha, não faças tal; sou teu conservo e de teus irmãos que tem o testemunho de Jesus; adora a Deus; porque o testemunho de Jesus é o espírito da profecia”; e Apocalipse 22:8,9: “Eu, João, sou o que ouvi e vi estas coisas. E quando as ouvi e vi, prostrei-me aos pés do anjo que mas mostrava, para o adorar. Mas ele me disse: Olha, não faças tal; porque eu sou conservo teu e de teus irmãos, os profetas, e dos que guardam as palavras deste livro. Adora a Deus” . Nestes textos vemos que o anjo repreende a pessoa ao ser adorado. Eram os anjos de Deus, servindo ao Seu propósito.  

Cremos na possibilidade da aparição de anjos, mas hoje há um grande perigo de transformar essas aparições numa nova fonte de orientação para a vida pessoal. Somente Deus tem o poder sobre todas as coisas e somente a Ele devemos adorar, consultar e depender.


O céu e o  exército de Satanás

Como falamos no início, existem os ANJOS BONS e os MAUS. Embora seja maravilhoso aprender sobre os grandes servos de Deus, os anjos bons, que ministram aos filhos remidos do Senhor, é também de máxima importância reconhecer a realidade e presença de um vasto exército de anjos maus. Neste capítulo estudaremos sobre Lúcifer e seu exército.
A Bíblia parece sugerir que a mais exaltada posição no reino invisível era ocupada no princípio por Lúcifer, um ser perfeito desde a sua criação. 

“Tu eras o selo da perfeição, cheio de sabedoria e perfeito em formosura. Estiveste no Éden, jardim de Deus; cobrias-te de toda pedra preciosa: a cornalina, o topázio, o ônix, a crisólita, o berilo, o jaspe, a safira, a granada, a esmeralda e o ouro. Em ti se faziam os teus tambores e os teus pífaros; no dia em que foste criado foram preparados. Eu te coloquei com o querubim da guarda; estiveste sobre o monte santo de Deus; andaste no meio das pedras afogueadas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que em ti se achou iniqüidade” (Ez.
28:12-15).

Lúcifer é descrito como ‘o sinete da perfeição’, querubim da guarda, ungido’, ‘estrela da manhã’, ‘filho da alva’, ‘anjo cheio de luz’, ‘principal dentre os anjos de Deus’ etc. Ele foi criado para glorificar a Deus, entretanto, desejou reinar sobre o céu e a criação, em lugar de Deus. O preço de sua rebeldia foi a queda. A partir desse momento ele perdeu o seu estado de pureza e perfeição e foi transformado em Satanás. 
Ele é um ser inteligente, tem uma personalidade hostil, é inimigo declarado de Deus e dos homens.  Na Bíblia ele é apresentado através de vários nomes: Abadom e Apoliom (Ap. 9:11); Belzebu (Mt. 12;24); o Maligno (II Co. 6:15); o Dragão (Ap. 12:7); o Adversário (I Pe. 5:8) etc. Ele também é um ser pessoal que:
-                     sabe das coisas (Jó 2); 
-                     possui emoções (Is. 14: 13,14); 
-                     tem vontade (Is. 14:12-14); 
-                     exerce habilidade executiva (Mt. 12:24, 26);  - opera milagres (II Ts. 2:9); aflige (Lc. 13:16);  - cita as Escrituras (Mt. 4:6) etc.  

“Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva! Como foste lançado por terra, tu que debilitavas as nações! Tu dizias no seu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do Norte; Subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo. Contudo, serás precipitado para o reino dos mortos, no mais profundo do abismo” (Is. 14:12-15).

“Viu-se, também, outro sinal no céu, e eis um dragão, grande, vermelho, com sete cabeças, dez chifres e, nas cabeças, sete diademas. A sua cauda arrastava a TERÇA PARTE DAS ESTRELAS DO CÉU...” ( Ap. 12:3,4).

Uma vez expulso do céu, destituído de sua posição, Lúcifer dá prosseguimento ao seu plano de formar um reino próprio. Repare que no livro de Apocalipse, João, ao narrar as características do dragão (Satanás), diz que este arrastou com a sua cauda a terça parte das estrelas do céu. É a partir deste ponto que passamos a entender e verificar a formação do exército de Satanás.
Com a terça parte dos anjos, Lúcifer passa a organizar o seu exército e a formá-lo de modo semelhante aos anjos de Deus em hierarquia e função.  Ele dividiu o seu exército em quatro grupos, todos com funções distintas, as quais nos são reveladas pela palavra de Deus na Epístola de Paulo aos Efésios: “...porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestiais.”  Cada um desses grupos atuam de forma diferente e estão organizados em ordem decrescente de autoridade.

AS TRÊS DIMENSÕES DO CÉU

Antes de entrarmos no assunto de como se forma o exército de Satanás, vamos falar sobre as três dimensões do céu. Esse assunto é importante para situarmos a área de atuação desses anjos.
Você já parou para analisar que, na criação, em Gênesis 1:1, diz: “No princípio, criou Deus os céus e a terra”. Note que a palavra “céus” está no plural, isto é, significa que existe mais de um Paulo, em II Coríntios 12:2-4, se refere a si mesmo como “um homem em Cristo” que foi levado ao terceiro céu, a fim de receber revelações. Logo, as escrituras indicam que há três lugares chamados “céu”.
O PRIMEIRO CÉU é o nosso mundo físico, visível aos olhos naturais; é a atmosfera que circunda a Terra (Os.2:18; Dn.7:13). Neste primeiro céu temos a presença dos homens, vivendo o seu dia-a-dia; os anjos do exército de Deus exercendo suas funções; e, ainda, os anjos caídos.
O SEGUNDO CÉU é o firmamento conforme descrito em Gn. 1:1418, onde encontramos as estrelas, o sol e a lua. Acredito, com base no descrito em Isaías 14:12-14, que neste segundo céu, Lúcifer estabeleceu o seu trono para governar sobre os anjos caídos.
O TERCEIRO CÉU é também chamado paraíso, é a habitação de Deus e o lar de todos os salvos que já daqui partiram. Neste céu está o trono de Deus estabelecido. “Quando ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro e concedeu dons aos homens. Ora, que quer dizer subiu, senão que também havia descido até as regiões inferiores da terra? Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus...” (Ef.4:8,9).
Embora os anjos caídos habitem as regiões celestiais, conforme   Efésios 6:12 nos relata, também encontramos textos que dizem que uma parte foi lançada no inferno. “Aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação, ele os tem reservado em prisões eternas na escuridão para o juízo do grande dia” (Jd.6) e “porque se Deus não poupou a anjos quando pecaram, mas lançou-os no inferno, e os entregou aos abismos da escuridão, reservando-os para o juízo” (II Pe. 2:4). Podemos afirmar, então, que uma parte dos anjos foi confinada no inferno e outra parte se encontra no segundo céu, tentando sempre impedir o serviço dos mensageiros do Senhor.
Os Anjos de Deus constantemente cruzam os céus para executarem as suas funções na terra, e em meio a esta atividade celestial, verdadeiras batalhas são travadas. Passaremos a analisar agora como ocorrem essas batalhas e a atuação de cada um dos grupos do exército de Satanás.

FORMAÇÃO DO EXÉRCITO DE SATANÁS

A ordem hierárquica dos anjos caídos é:
1-Principados;
2-Potestades;
3-Dominadores;
4-Forças espirituais do mal.

1. PRINCIPADOS. Estão em uma escala hierárquica superior, sujeitando as potestades, dominadores e as forças espirituais do mal ao seu comando. Principado é a tradução da palavra archon (singular de archas), e significa ‘aquele que foi instituído de autoridade’. 

Um conceito que ajuda-nos a entender melhor sobre principado é dado por Linthicum: “Principado ou príncipe é a pessoa que, num momento específico, ocupa o trono. Pode ser prefeito de uma cidade, o presidente de um país, o diretor do conselho de uma instituição econômica. O ‘príncipe’, ou a autoridade de cada situação específica   pode e irá mudar, mas o trono continuará pelo tempo que essa instituição permanecer” (Robert Linthicum em “Cidade de Deus, Cidade de Satanás”, Missão Editora, pp. 79). 

 

Analisando o registro de Daniel 10, podemos perceber claramente a atuação deste grupo (principado). Vemos que Daniel permaneceu em oração durante vinte e um dias, até, então, receber a resposta de Deus. Esta demora ocorreu devido à interferência de um principado que rege a Pérsia; esse fato foi comunicado a Daniel por um anjo mensageiro do exército de Deus. “Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu por vinte e um dias; porém Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu obtive vitória sobre os reis da Pérsia” (Dn.10:13). 
O príncipe do reino da Pérsia guerreou contra aquele anjo mensageiro, na intenção de interceptar a mensagem enviada. Este é um principado do exército de Satanás que é encarregado em manter o povo aprisionado no pecado e comanda os demais anjos caídos.

2) POTESTADES. É a tradução da palavra exousias, referem-se aos cargos ou funções de autoridade, não aos titulares dos mesmos. Exousias, portanto, pode referir-se aos agrupamentos demoníacos que compõem esses cargos. Estão abaixo dos principados. As potestades atuam no primeiro céu, isto é, em nosso mundo físico e agem especificamente em pontos estratégicos, onde existem forças de liderança, grupos de influência, seja na política ou em qualquer outra instituição, inclusive na religiosa. O seu objetivo é influenciar esses grupos em suas decisões, fortalecendo o mal e enfraquecendo tudo o que for de bom. 
Vamos nos concentrar mais na atuação das potestades nas instituições religiosas, basicamente nas igrejas. Satanás sabe o poder da Igreja de Cristo nesta terra, e sabe que a unidade é um dos pontos mais fortes da igreja. “Jesus, porém, conhecendo os seus pensamentos, disse-lhes: Todo reino dividido  contra si mesmo é devastado; e toda cidade ou casa dividida contra si mesma não subsistirá” (Mt.12:25). Um dos objetivos da potestade é o de criar contendas, divisão, quebrando, assim, a força da unidade. Esse grupo do exército de Satanás está atento a cada detalhe, cada brecha humana para lançar a sua semente de discórdia. Sua atuação é sutil, começa com sentimentos carnais que vão florescendo e sendo alimentados diariamente, quando permitidos, e, no fim, dividem líderes, igrejas, reinos, nações. Poderíamos ficar horas falando sobre as diversas sementes de discórdia, como inveja, soberba, divergência, ódio, maldizer; todas fruto da carne.

“Porque a respeito de vós, irmãos meus, me foi comunicado pelos da família de Cloe que há contendas entre vós. Quero dizer com isso que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo, e eu, de Apolo, e eu, de Cefas, e eu, de Cristo. Está Cristo dividido?...” (I Co.1:11-13). 

Começaram a surgir na igreja, em Corinto, facções entre seus dirigentes. Alguns passaram a considerar mais os seus líderes do que o próprio Evangelho. Paulo condena esta atitude que em nada edifica, pelo contrário, apenas gera divisão na igreja de Cristo. “Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo. Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros. De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou...” (Fp.2:3-9). A palavra de Deus confirma que a origem do sentimento faccioso é demoníaca. 
E temos isso evidenciado no livro de Tiago. “Mas, se tendes amarga inveja e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e DIABÓLICA.” (Tg.3:14,15)

3)                 DOMINADORES. É a tradução da palavra grega kosmokratoras e significa “forças espirituais que se manifestam no mundo”, no reino espiritual das trevas, em oposição ao Reino da Luz.  Kosmos significa mundo e krator poder, força, majestade. Entendemos que estes são os “senhores deste mundo”, ou seja, demônios chefes que atuam em localidades. Tomando-se como exemplo a cidade de Éfeso, o kosmokratoras local desta cidade é a Grande Diana de Éfeso. Diana, ou Ártemis, era suprema sobre a cidade de Éfeso. Ela era a salvadora, senhora, rainha do cosmos e deusa dos céus, para aqueles que a invocavam. 
Os dominadores também têm como função a possessão corpórea das pessoas. As pessoas possuídas passam a agir por controle daquela entidade espiritual em todas as áreas da sua vida, gerando assim conseqüências não só para a própria pessoa, mas também para os que se relacionam com ela. Eles expressam, então, os seus desejos malignos através da pessoa e geram, inclusive, determinadas enfermidades.
Temos na Bíblia citações de pessoas que possuíam aparentes enfermidades, mas que as mesmas, na verdade, eram causadas por possessão demoníaca. “E eis que estava ali uma mulher que tinha um espírito de enfermidade havia já dezoito anos; e andava curvada e não podia de modo algum endireitar-se” (Lc.13:11). A Bíblia relata neste texto a história de uma mulher que estava enferma há dezoito anos, que já havia tentado de tudo, mas não ficava curada e Lucas, ao narrar o fato, diz que ela tinha um “espírito de enfermidade”. Mais adiante, o próprio Jesus dá a explicação daquela enfermidade e diz que era Satanás que estava gerando aquela enfermidade e a estava mantendo aprisionada. “E não convinha soltar desta prisão, no dia do sábado, esta filha de Abraão, a qual há dezoito anos SATANÁS MANTINHA PRESA?” (Lc.13:16). 
Para não fugirmos muito de nosso assunto, uma vez que nosso objetivo aqui não é tratarmos de batalha espiritual, mas sim de anjos, importa apenas voltar a frisar que os dominadores têm como função precípua a possessão de corpos para, através deles, expressarem suas características, promovendo o mal e a destruição das almas. 

4)                 FORÇAS ESPIRITUAIS DO MAL. Esse grupo de anjos decaídos atua em forma de INDUÇÃO. Agem causando desânimo, levando as pessoas a tomarem atitudes erradas, acusando e, principalmente, gerando brechas para que os dominadores possam, então, começar a atuar. 
Os dominadores precisam ter autorização para que possam possuir e oprimir as pessoas. São as forças espirituais do mal que têm a incumbência de fazer com que as pessoas dêem esta permissão, através de algum ato. São aquelas vozes que muitas vezes ouvimos no interior de nossa mente querendo nos levar a praticar o que é contrário à vontade de Deus.

ATUAÇÃO DOS ANJOS CAÍDOS
Os anjos caídos, como serviçais de Satanás, estão empenhados em pôr obstáculos no caminho do cristão e provocar danos à vida espiritual e ao bem-estar do povo de Deus. Eles são seres astutos que:

1.                  Opõem-se aos propósitos de Deus (Zc. 3:1);
2.                  Afligem os servos de Deus (II Co. 12:7);
3.                  Armam ciladas aos servos de Deus (Ef. 6:11, 12);
4.                  Opõem-se às orações dos santos (Dn. 10:13);
5.                  Procuram destruir a Igreja (Mt. 16:18);
6.                  Impedem as pessoas de aceitarem o Evangelho (Lc. 8:12);
7.                  Disseminam doutrinas errôneas (Mt. 13:25);
8.                  Incitam a perseguição ao reino de Deus (Ap. 12:7).

Os anjos maus ou caídos são poderosos, mas não todo-poderosos. Só há um que detém todo poder e toda autoridade, e este se chama Deus, o Grande Eu Sou, que ressuscitou a Jesus, “fazendo-o sentar-se à sua direita nos céus, muito acima de todo principado, e autoridade, e poder, e domínio, e de todo nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro; e sujeitou todas as coisas debaixo dos seus pés...” (Ef. 1:20-22). Para os anjos caídos resta somente o fogo eterno, após serem julgados por Jesus e a Sua Igreja (I Co. 6:2,3).  

Finalizando queremos enfatizar que aos filhos de Deus foi dada autoridade, em nome de Jesus, sobre todo principado, potestade, dominadores e força espiritual do mal. Quando Miguel disputou com um anjo, a respeito do corpo de Moisés, ele disse: “O Senhor te repreenda”. À Igreja, aos filhos de Deus também foi outorgado poder e autoridade sobre os demônios, e essa autoridade  foi dada através de Jesus.

Em Jesus temos autoridade para confrontar e destruir toda força das trevas.

BIBLIOGRAFIA:
 FUNDAMENTOS DA TEOLOGIA PENTECOSTAL. Guy Duffield e Nathaniel Cleave, Vol I e II.
 ANJOS, HOMEM E PECADO. EETAD.
 O HOMEM ESPIRITUAL. Watchman Nee, Vol. I e II.
 COMENTÁRIO BÍBLICO MOODY. Charles F. Pfeiffer e Everett F. Harrison, Vol. I ao V.
 QUEBRANDO AS MALDIÇÕES. Carlos Alexandre e Ana Paula.
 O CARÁTER DO HOMEM DE DEUS. Carlos Alexandre e Ana Paula.
 A DOUTRINA DOS ANJOS. Rev. Dr. Lázaro Soares de Assis.
 BATALHA ESPIRITUAL. SEMEADOR.
 BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL.
 BÍBLIA VIDA NOVA.
 DICIONÁRIO ESCOLAR DA LÍNGUA PORTUGUESA.
.CRIAÇÃO - SEMEADOR.

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